segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

PARGUEIRAS - Tudo o que você gostaria de saber

POR ALEXANDRE ITO - CONSULTOR DE PESCA EM ÁGUA SALGADA

1. Introdução.

A pargueira é um artefato produzido manualmente utilizado geralmente na pesca em grandes profundidades com iscas naturais. Para sua confecção, inúmeros são os materiais que podemos usar, sendo os principais: giradores, snaps, luvas, luvas com girador, miçangas, anzóis e linhas. Nada impede que sejam utilizados outros tantos materiais, vai depender da criatividade do amigo pescador, da preferência e da disponibilidade dos mesmos.

2. Materiais comumente utilizados.

Diversas são as formas e maneiras que podemos confeccionar uma eficiente pargueira. Uma dica muito importante é utilizar sempre materiais de boa qualidade e resistentes pois não é raro fisgarmos um peixe com mais de 50kg nesta modalidade de pesca.
Entre os materiais mais comuns, podemos destacar:

"LINHA": com diâmetro entre 1,00mm a 2,00mm, sendo que a principal geralmente, utiliza-se a de diâmentro maior que a linha secundária, onde prendemos os anzóis.

"LUVAS COM GIRADOR, GIRADOR TRIPLO, LUVAS COM MIÇANGAS": a acoplagem dos anzóis na linha principal pode ser feito por luvas com girador, girador triplo ou luvas com miçangas. Dê preferência as miçangas "glow", pois em grandes profundidades, onde a luz é escassa, ela funciona como um atrativo.



"SNAPS": é importante e essencial que se utilize "snaps" nos giradores para facilitar e agilizar a troca dos anzóis, grandes ou pequenos, de acordo com a região e os peixes que se pretende capturar.

Outro detalhe de grande importância é a utilização de um "snap" mais frágil para fixação do chumbo pois não é raro que este se enrosque no fundo e, neste caso, não corremos o risco de perder toda a pargueira. Funciona como um fusível.



"ANZÓIS": podem variar de tamanho e modelo de acordo com a espécie que se almeja. Geralmente o tamanho está entre 4/0 a 11/0 e o modelo de acordo com a sua preferência. Neste aspecto dou destaque aos anzóis "Circle Hook" por considerá-los mais eficientes, fisgarem diretamente na mandíbula ou no canto da boca do peixe devido a sua ponta curvada como um gancho, o que consequentemente dificulta o peixe se desvencilhar do anzol. Um detalhe muito importante é que este anzol causa poucos danos e ferimentos no peixe o que favorece a sua soltura e recuperação.


"LUZES ARTIFICIAIS": acopladas às pargueiras, podem ser uma boa dica em locais onde a profundidade ultrapasse os 70/80 metros, pois a partir desta, a luz diminui consideravelmente, portanto, estas lâmpadas se tornam um excelente atrativo. As luzes químicas quando utilizadas em profundidades acima de 70m costumam se romper e vazar, perdendo assim sua eficiência.



"PESOS OU CHUMBOS": a utilização vai variar de acordo com a profundidade e a correnteza do local. É recomendado chumbos próprios para pargueiras, que oferecem menor resistência tanto na descida como na subida.



"LUVAS": se fazem necessárias na medida que utilizamos linhas de bitolas maiores, pois neste caso, fica quase impossível se confeccionar um nó. Para realizar um aperto perfeito existem no mercado alicates específicos. Uma dica importante ao fazer o aperto é não exagerar na força para que não se corrorompa a linha ou a comprometa a ponto de reduzir a sua resistência.


3. A confecção.

Várias são as formas e medidas utilizadas na montagem de uma pargueira. A quantidade de anzóis costumam variar entre 3 a 5. A distância entre as luvas podem ficar entre 15 a 45cm e o tamanho da pernada do anzol, nunca deve ultrapassar a distância entre as luvas para que evite-se grandes enroscos.
Os snaps nos giradores das luvas é muito eficiente para que se possa, facilmente, trocar os anzóis e também ajuda no caso de enroscos entre duas pargueiras, fato comum quando se pesca embarcado nessa modalidade.

Geralmente é utilizado uma linha de bitola maior (1,40mm a 1,80mm) na linha principal e 1,00mm a 1,20mm na linha secundária, que seguram os anzóis.

Para fixação do peso ou chumbo é interessante utilizar um snap mais frágil que os demais pois não é raro o chumbo enroscar nas estruturas do local.



4. Dicas importantes.

* Evite utilizar pargueiras com medidas superiores a 1,50m a 1.60m pois dificultam muito o seu manuseio.
* Em grandes profundidades, acima de 100m, utilize pargueiras menores com uma quantidade menor de anzóis para que a resistência do conjunto (pargueira, chumbo e iscas) na água diminua ao descer. Quanto maior a resistência ao descer, maior o tempo para se chegar ao fundo e como esses locais raramente se fazem isentos de correnteza, maior é a quantidade de linha dispensada.
* Os anzóis Circle Hooks permite que vc fisgue espécies como a enchova, que possuem uma dentição afiada, sem que seja necessário a utilização de cabo de aço pois seu formato auxilia que a fisgada seja na mandíbula ou no canto da boca do peixe.
* Procure sempre utilizar anzóis reforçados como Mutu, Live Bait, Circle Hook pois nessa modalidade comumente capturamos grandes exemplares.
* Nunca utilizo cabo de aço nos anzóis pois acredito que a utilização desse artefato acaba afugentando o peixe. No caso de incidência de peixes com dentição afiada utilizo anzóis do tipo Circle Hook.
* A utilização dos snaps na pargueira é uma forma de economizar tempo, para que se possa fazer a troca de anzol e chumbo com maior praticidade.
* Nas pescarias na região de Ilhabela tenho notado, na grande maioria dos casos, a incidência de ataques sempre no primeiro e segundo anzol mais próximos do chumbo, por isso costumo confeccionar pargueiras de no máximo 0,50m de comprimento e uma distância de no máximo 18cm entre as luvas.
* Costumo acondicionar a parqueira e os anzóis em um porta CDs - ocupa pouco espaço e fica tudo organizado.

5. Considerações finais.

Para se confeccionar uma pargueira eficiente, prática e produtiva, é essencial que você conheça a região que se pretende pescar, peixes almejados, iscas a utilizar, profundidade do local, estrutura do fundo, etc. Um bom guia pode lhe dar todas as dicas anteriores à pescaria.

Com esses dados em mãos vale a criatividade e a boa vontade, o que não costuma faltar aos aficcionados em pesca!

Boa sorte e ótimas pescarias.

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